AUTOR DESCONHECIDO
Era uma vez… Um rei que morava num riquíssimo
castelo.
Um dia, levantou-se apavorado. Havia tido um sonho
terrível no qual teria perdido de uma só vez todos os dentes. Preocupado,
ordenou:
- Chame o meu melhor sábio.
Em poucos minutos, lá estava o sábio diante do rei.
Após
contar-lhe o sonho terrível, ordenou-lhe:
- Diga-me, sábio, o que significa esse meu sonho?
O sábio pensou… pensou… pensou… e, virando-se para
o rei, disse-lhe:
- Majestade, vai acontecer uma desgraça na sua família.
Uma doença terrível vai invadir o castelo e morrerá o mesmo número de parentes
tanto quanto for o número de dentes perdidos em seu sonho.
O rei, furioso, ordenou ao seu comandante da guarda
que amarrasse o sábio no toco e lhe desferisse cem chibatadas diante de todos
os súditos.
- Chame outro sábio, este é um idiota – ordenou aos
gritos.
Logo, logo, lá estava o outro sábio diante do rei.
Contando-lhe todo o sonho terrível, ordenou-lhe:
- Diga-me, sábio, o que significa esse sonho?
O sábio pensou… pensou… pensou… e, olhando nos
olhos do rei deu um sorriso
largo, disse:
- Vossa Majestade é realmente um iluminado, um
protegido por Deus. O número de dentes que sonhou perder será o mesmo número de
familiares que morrerão vítimas de uma doença terrível.
Mas, apesar de toda a desgraça do castelo, Vossa
Alteza irá sobreviver são e salvo.
O rei, feliz da vida, ordenou que lhe entregassem cem
moedas de ouro.
Quando
este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
- Não é possível! A interpretação que você fez foi à mesma que o seu colega
havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele puniu com cem chibatadas e a
você com cem moedas de ouro.
- Lembra-te meu amigo – respondeu o adivinho – que tudo depende da maneira de
dizer. Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se.
Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, a paz ou a
guerra. Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta duvida. Mas
a forma com que ela é comunicada é que tem provocado, em alguns casos, grandes
problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa. Se a lançarmos no
rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta. Mas se a envolvemos em
delicada embalagem e a oferecemos com ternura, certamente será aceita com
facilidade. A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão
e, acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.
Ademais, será sábio de nossa parte se antes de dizer aos outros o que julgamos
ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho. E, conforme seja a
nossa reação, podemos seguir em frente ou deixar de lado o nosso intento. Importante
mesmo é ter sempre em mente que o que fará diferença e a maneira de dizer as
coisas…
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